26/10/2007

A TV digital e o futuro da propaganda

Eu adoro propagandas. Como diz o professor da minha filha, só quem gosta de propaganda são as mães e as tias dos publicitários. A capacidade de reinventar desses profissionais me fascina. Com a chegada da TV digital, porém, o mercado vai precisar de muito mais criatividade. Entenda o porquê:

O próximo dia 2 de dezembro foi programado para ser um marco na história da TV brasileira. É quando se inaugura oficialmente a televisão digital no Brasil. A partir desse dia, os recursos de alta definição e interatividade da nova tecnologia estarão disponíveis para os moradores de São Paulo, cidade que concentra 12% dos televisores do país. A maior parte da população - que precisará ter um aparelho adaptador cujo custo está estimado em cerca de 800 reais - pouco ou nada vai notar de imediato. Mas, nos bastidores das emissoras, da indústria e principalmente do mercado publicitário, as mudanças são mais uma etapa de uma longa corrida de obstáculos para ver quem chega primeiro e de forma mais eficaz ao telespectador de uma nova mídia. Em jogo está um desafio tão ou mais difícil do que o enfrentado pela publicidade com a internet no fim da década de 90: fazer dinheiro num mercado novo e fragmentado.

Todos os grandes fabricantes de eletroeletrônicos começam a vender a partir de dezembro um adaptador para conectar as TVs ao novo sinal, o set-top box. Entre os aparelhos eletrônicos que surgiram a reboque da TV digital no exterior - e são um sucesso - está o gravador digital de vídeo (DVR, na sigla em inglês), que permite ao espectador armazenar o conteúdo transmitido ao vivo para assistir quando quiser. Um dos recursos do dispositivo é "pular" os comerciais, o que tem provocado calafrios nos publicitários. Por enquanto, no Brasil, o DVR está disponível apenas para usuários de TV a cabo digital ou por satélite dispostos a pagar cerca de 1 000 reais pelo apetrecho, mas a tendência é que o equipamento se popularize com a disseminação da TV digital. Quando isso acontecer, a publicidade brasileira deverá estar preparada para um desafio poderoso. Nos Estados Unidos, estudos da Nielsen Media Research mostram que os usuários do DVR não assistem a 60% da publicidade em programas gravados. Não há evidências de que no Brasil será diferente. A operadora Sky constatou que 41% dos usuários do DVR não vêem comerciais. Com certeza eu vou pular todos os comerciais de supermercados. Ô coisa mais chata aquele povo dançando no meio das lojas!

Os publicitários já descobriram qual a primeira e mais óbvia alternativa para driblar essa espécie de fuga de telespectadores: incluir mais e mais merchandising na programação. O problema será fazer isso de forma que não irrite o consumidor. Outro modelo de inserção avaliado pelos publicitários são comerciais interativos, como o que a rede de fast food KFC veiculou no ano passado nos Estados Unidos, para promover um novo sanduíche. Visto em ritmo lento, o anúncio fornecia uma senha para que o consumidor acessasse com o controle remoto da TV o site do KFC e ganhasse o tal sanduíche grátis nas lojas da rede. Além de ter virado uma febre na internet, com os usuários trocando senhas entre si, o anúncio gerou polêmica entre as redes de TV - uma delas recusou-se a veiculá-lo e acusou o KFC de fazer propaganda subliminar. No Brasil, ficou famosa uma campanha interativa criada para o Mitsubishi Pajero veiculada em 2004 pela operadora Sky. O comercial permitia ao espectador navegar pelo filme com o uso do controle remoto como num site para conhecer os detalhes do carro. Os interessados recebiam depois um material promocional da Mitsubishi por mala direta (infelizmente, não achei nenhum dos dois para ilustrar o post).

Amortecedores Cofap - anos 90

(veja comerciais mais antigos aqui)

TV Sony Bravia - 2007

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