29/06/2008

Duas histórias de superação e amor


Tony Melendez nasceu na Nicarágua, América do Sul. Ele era uma das cerca de 5000 "crianças da Talidomida", uma droga que as grávidas tomavam por causa dos enjôos matinais, o que fez com que ele nascesse sem os dois braços, e hoje é músico consagrado nos Estados Unidos da América, para onde se mudou com seus pais com um ano de idade, em busca de ajuda médica para corrigir um defeito num dos pés.

Mas Tony não deixou que a falta dos braços o impedisse de viver. E viver com alegria. Lá, ele era uma criança como qualquer outra, que brincava, se divertia... Só que sem os dois braços, porque ele, de livre vontade, escolhe deixar de usar as próteses dos braços, por o fazerem sentir diferente do que ele era.

Ao contrário do que talvez fosse de esperar numa criança que os outros meninos evitavam, por ser diferente, Meléndez diz que a sua infância não teve nenhuma dificuldade em particular...

Jamais permitiu que a limitação física lhe tirasse o prazer de cantar. Desde muito pequeno começou a tocar algumas notas musicais com os pés e logo descobriu que poderia afinar a guitarra de forma a atender sua necessidade.

Aos 18 anos Tony já tocava e cantava em eventos especiais, e fazia sucesso. Mas ele não canta, apenas. É compositor também.

Aos 25 anos, Tony teve a oportunidade de tocar sua guitarra com os pés e cantar para milhares de jovens, na presença do papa João Paulo II, na cidade de Los Angeles, no ano de 1987.

Um disco giratório junto aos pedais do veículo também foi a solução para que Tony pudesse dirigir seu próprio automóvel, fazendo uso dos pés.

E é assim que Tony Meléndez supera suas limitações, fazendo o que muitos acham impossível, sempre com muito amor e a sua família: esposa e dois filhos adotivos.

Oitenta e cinco vezes, Dick Hoyt empurrou seu filho deficiente, Rick, por 42 quilômetros em maratonas. Oitenta vezes, ele não só empurrou seu filho os 42 quilômetros em uma cadeira de rodas, mas também, o rebocou por quatro quilômetros em um barquinho enquanto nadava e pedalou 180 quilômetros, com ele sentado em um banco no guidão da bicicleta, tudo isso em um mesmo dia.

Dick também o levou em corridas de esqui, escalou montanhas com ele às costas e chegou a atravessar os Estados Unidos rebocando-o com uma bicicleta. E o que Rick fez por seu pai? Não muito, exceto salvar sua vida. Esta história maravilhosa de amor começou em Winchester, nos EUA, há quarenta e três anos, quando Rick foi estrangulado pelo cordão umbilical durante o parto, ficando com uma lesão cerebral permanente e incapacitado de controlar os membros de seu corpo. – “Ele irá vegetar pelo resto de sua vida”, disse o médico para Dick e sua esposa Judy, quando Rick tinha nove meses. – “Vocês devem interná-lo em uma instituição”, complementou o médico. Mas, o casal não acreditou. Eles repararam como os olhos de Rick seguiam os dois pelo quarto. Quando Rick fez onze anos eles o levaram ao departamento de engenharia da Tufts University e perguntaram se havia algum jeito do garoto se comunicar. – “Não há jeito, seu cérebro não tem atividade alguma”, disseram a Dick. – “Conte uma piada para ele”, Dick desafiou. Eles contaram e Rick riu. Na verdade, tinha muita coisa acontecendo no cérebro de Rick. Usando um computador adaptado para ele poder controlar o cursor tocando com a cabeça um botão no encosto de sua cadeira, Rick, finalmente foi capaz de se comunicar. Suas primeiras palavras? – “Go Bruins!”, o grito da torcida, dos times da Universidade da Califórnia. Depois que um estudante ficou paralítico em um acidente e a escola em que estudava decidiu organizar uma corrida para levantar fundos para ele, Rick digitou: – “Papai, quero participar”. Isso mesmo. Mas como Dick poderia, justo ele, que considerava a si mesmo um “leitão”, que nunca tinha corrido mais que um quilômetro de cada vez, como poderia empurrar seu filho por 8 quilômetros? Mesmo assim, ele tentou. – “Daquela vez eu fui o inválido”, lembra Dick. – “Fiquei com dores durante duas semanas”. Porém, aquilo mudou a vida de Rick. Ele digitou em seu computador: – “Papai, quando você corria eu me sentia como se não fosse mais portador de deficiências”. O que Rick disse, mudou também a vida de Dick. Ele ficou obcecado por dar a Rick essa sensação quantas vezes pudesse. Começou a se dedicar tanto para entrar em forma que ele e Rick estavam prontos para tentar a Maratona de Boston em 1979. – “Impossível!”, disse um dos organizadores da corrida. Pai e filho não eram um só corredor e também não se enquadravam na categoria dos corredores em cadeira de rodas. Durante alguns anos, Dick e Rick simplesmente entraram na multidão e correram de qualquer jeito. Finalmente, encontraram uma forma de entrar oficialmente na corrida. Em 1983, eles correram tão rápido em outra maratona, que o tempo obtido por eles permitia qualificá-los para participar da maratona de Boston no ano seguinte. Depois, alguém sugeriu que tentassem um Triatlon. Como poderiam?! Dick nunca soube nadar e não andava de bicicleta desde os seis anos de idade, como rebocaria seu filho de cinqüenta quilos em um Triatlon? Mesmo assim, Dick tentou. Hoje, ele já participou de duzentos e doze Triatlons, inclusive, quatro cansativos Ironmans de quinze horas de duração, no Havaí. Deve ser demais, para alguém com seus vinte e cinco anos de idade, ser ultrapassado por um velho rebocando um adulto em um barquinho, você não acha? Então por que Dick não competia sozinho? – “De jeito nenhum”, ele diz. Dick faz tudo isso apenas pela sensação que Rick pode ter e demonstrar com seu grande sorriso, enquanto correm, nadam e pedalam juntos. Em 2006, aos sessenta e cinco e quarenta e três anos de idade respectivamente, Dick e Rick completaram a vigésima quarta Maratona de Boston na posição 5.083, entre mais de vinte mil participantes. Seu melhor tempo? Duas horas e quarenta minutos, em 1992, apenas trinta e cinco minutos a mais que o recorde mundial que, caso você não saiba, foi batido por um homem que não empurrava ninguém numa cadeira de rodas enquanto corria. – “Não há dúvida”, digita Dick, “meu pai, é o pai do século”. E Dick também ganhou algo com isso. Há dois anos, ele teve um leve ataque cardíaco, durante uma corrida. Os médicos descobriram que uma de suas artérias estava 95% entupida. Os médicos disseram que se ele não tivesse se dedicado para entrar em forma, é provável que já teria morrido, uns quinze anos antes. De certa forma, Dick e Rick salvaram a vida um do outro. Rick, que hoje tem seu próprio apartamento (ele recebe cuidados médicos) e trabalha em Boston, e Dick, que se aposentou do exército e mora em Holland, Massachussets, sempre acham um jeito de ficarem juntos. Eles fazem palestras em todo o país e participam de corridas, nos finais de semana. Em todo dia dos pais, Rick sempre paga um jantar para seu pai, porém, o que ele mais desejaria fazer pelo seu pai, é um presente que ninguém poderia comprar. “Eu gostaria...”, digita Rick, “...de um dia poder empurrar meu pai na cadeira, pelo menos uma vez”.

"Um homem não morre quando deixa de existir e sim quando deixa de sonhar".

Fonte: Sports Illustrated - Rick Reilly
Tradução: Blog Quero Contar... - http://www.stories.org.br/
Adaptação: Organização Não-Governamental “Projetos sociais meu sonho não tem fim”.

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