30/09/2008

Tecnologia para corno

Detetive dá dicas para detectar traição

Toda pessoa que acredita estar sendo traída é uma investigadora em potencial e só precisa de uma pulguinha atrás da orelha para começar a farejar indícios de um caso extraconjugal. É o que afirma a detetive particular Ângela Bekeredjian, de 66 anos, no ramo há 46. Ela diz que vem percebendo um número cada vez maior de pessoas tentando investigar o parceiro por conta própria. “Todo mundo é igual, parece que tem uma anteninha. Se tem alguma traição acontecendo, ela vai ser captada”, diz.

Esse novo comportamento, conta a detetive, se deve muito à facilidade de acesso a informações e dicas de investigação disponíveis na internet. Até um e-mail já circula pela rede vendendo um manual de investigação. Segundo a propaganda, a pessoa aprende até a colocar escutas pela casa.

Equipamentos

Foi-se o tempo em que uma mulher desconfiada do parceiro puxava a extensão do telefone para ouvir a conversa alheia. O investigador caseiro, agora, está colocando microcâmeras escondidas em casa e até no carro da família. “Hoje em dia, é muito fácil comprar esses aparelhos”, diz Ângela.

Mas a detetive diz que é preciso ter cuidado com a invasão de privacidade. “Se o carro pertence ao casal, por exemplo, qualquer um dos dois pode colocar a câmera, mas isso não é correto porque um dos dois não vai saber que está sendo filmado”, pondera Ângela.

Ela reconhece que quem está mordido de ciúmes recorre a esse aparelho, mesmo sabendo que não deveria. Grande parte desse uso indiscriminado é graças à facilidade de encontrar essas câmeras em lojas de equipamentos eletrônicos. Qualquer um pode colocá-las em um carro ou na casa de praia, por exemplo, por achar que o pulador de cerca anda usando os bens da família para viver relações extraconjugais.

Micro câmera pode ser comprada em lojas de equipamentos eletrônicos (Foto: Claudia Silveira/G1)

“As câmeras hoje em dia captam áudio com nitidez e filmam até colorido. Elas ainda são discretas e podem estar em uma mala, um telefone celular e até no cinzeiro”, diz a detetive.

Em tempos de internet, quem trai não resiste à comunicação via e-mail e MSN. O desconfiado, investigador em potencial, começa logo a espiar o que o companheiro está escrevendo sempre que tem chance. Muitos recorrem a um aparelho que, instalado no computador, grava tudo o que foi digitado no teclado.

“Esse equipamento é muito usado em empresas para monitorar o vazamento de informações, mas tem muita gente colocando em casa para saber o que o marido ou a mulher anda escrevendo por aí”. Apesar de aparentemente ser aliado na investigação, o aparelho deixa rastros, o que pode acabar em briga feia.

“O aparelho é ligado ao teclado por um fio, que fica visível. Eu, por exemplo, não notaria porque minha mesa tem muitos outros fios, mas existe o risco de o marido ou a mulher notar, ficar desconfiado e descobrir que está sendo investigado”, alerta Ângela.

Pistas de traição

A detetive Ângela, que também tem formação em psicologia, diz que é muito comum a pessoa mudar de comportamento quando começa a viver um relacionamento extraconjugal. “O homem começa a renovar o guarda-roupa, a levar o celular quando vai o banheiro e a apontar defeitos nas outras mulheres sem motivo aparente”, enumera. “Mas ele também pode ficar bonzinho demais e começar a dar presentes”, completa.

“Já a mulher”, diz Ângela, “investe em lingerie, inventa logo cursos para poder sair de casa e começa a cogitar fazer lipoaspiração e levantar o seio”, conta. “No fim, todo mundo é igual e começa a agir de forma parecida, deixando evidente a traição. Segundo a detetive, havia traição em todos os casos que ela já investigou. “As pessoas costumam chegar à agência já tendo investigado muito o comportamento do outro. Só precisa ter a certeza”.

Detetive ilegal

Bancar o detetive está ao alcance de qualquer pessoa, mas é bom saber que os investigadores particulares têm regras a seguir e precisam respeitar a lei. Um marido ou mulher desconfiado, por exemplo, não pode grampear o telefone de casa para escutar a conversa do companheiro, segundo o detetive João de Oliveira, da Federação Brasileira de Investigações e delegado-geral do Sindicato dos Detetives Particulares do Estado de São Paulo (Sindesp).

Colocar uma microcâmera na mesa de escritório do parceiro para gravar o dia-a-dia dele também é contravenção, de acordo com Oliveira. Mas se a idéia é se tornar um investigador profissional, não faltam cursos para se tornar um detetive, seja com aulas presenciais ou à distância. Segundo Oliveira, com R$ 190 e três meses de paciência, é possível se profissionalizar. Mas ele se mostra contra se tornar detetive para investigar o marido ou a mulher.

“A pessoa não vai agir com a razão, só com a emoção. Funciona como para o advogado: ele não atua em causa própria; geralmente, contrata outro advogado para defendê-lo”, compara.

Fonte: G1

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