26/12/2009

Sean


Cerca de 350 mil crianças em todo o mundo foram roubadas por um dos pais e levadas para viver em outros país. Geralmente isto acontece após a separação do casal onde um deles é estrangeiro e perdeu, na justiça, a guarda da criança. No Brasil não existem estatísticas sobre o assunto e, embora a secretaria especial dos Direitos Humanos tenha apenas seis casos registrados, o número de ocorrências deve ser bem maior.

O grande obstáculo para a solução dos sequestros realizados por um pai ou mãe estrangeiro é que a Justiça de um país pode não valer para a de outro. Os tribunais também tendem a dar a guarda dos filhos ao cidadão do país onde corre o processo.

Sempre que um casal com filhos pequenos se separa, surge a questão crucial: quem ficará com a guarda das crianças? Frequentemente, ao fim de muita briga, essa decisão é confiada à Justiça. Em um número cada vez maior de separações, a disputa se torna internacional. Isso ocorre quando o pai e a mãe têm diferentes nacionalidades e um deles foge com as crianças para o país de origem. Com o aumento do número de casamentos do gênero, facilitados pela globalização, tais incidentes tomam as proporções de uma epidemia mundial.

As discussões fervilham pela internet. Não vi, mas li que Fátima Bernardes saiu do script no Jornal Nacional de hoje, manifestando sua indignação com a decisão da justiça brasileira em devolver Sean ao pai biológico.

Para quem nunca ouviu falar do menino Sean, aí vai um pouco do drama sofrido por essa criança: uma história de amor que tinha tudo para terminar em final feliz acabou se transformando em drama. Há quatro anos, o ex-modelo americano David Goldman vem lutando pelo direito de ver o próprio filho Sean Goldman, sequestrado pela própria mãe, a brasileira Bruna Bianchi.

Em carta enviada à mídia e a políticos, David conta que casou com a brasileira em dezembro de 1999. Sean nascia cinco meses depois. Ao filho, David dispensou total atenção e carinho. O pesadelo dele iniciou em junho de 2004, quando Bruna, junto com os pais dela e Sean, embarcou em supostas férias de duas semanas ao Brasil. Lá chegando, ela comunicou David que o casamento estava acabado.

Bruna havia se divorciado de David pelas leis brasileiras, apesar de ser casada perante as leis americanas. Ela chegou a ingressar com uma ação da guarda de Sean, feita na Vara de Família do Rio de Janeiro, onde os pais comandam o Restaurante Quadrifóglio. Acabou casando com o advogado contratado, Paulo Lins e Silva, e morreu durante o parto da filha deles. Segundo a carta de David, Paulo trabalha na Paulo Lins e Silva Advogados e Consultores de Família, firma de advocacia do pai dele, e a família Lins e Silva seria bastante influente no Brasil.

Mas toda essa influencia não foi suficiente para impedir que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, cassasse a liminar que determinava a permanência do menino no Brasil e o afastou da irmã às vésperas do Natal.

A entrega do menino foi de uma palhaçada sem fim. Mais uma vez não pensaram no bem estar do menor. Em vez de usarem a sala reservada para preservar Sean, a família materna devolveu o menino ao pai na calçada, em frente à imprensa, desnecessariamente. Até quando brincarão com a vida dessa criança?

Não sei quem tem direito à guarda desse menino. Não sei qual o motivo da brasileira ter sequestrado o próprio filho. Não sei o motivo do pai só ter começado a brigar por Sean após a morte de Bruna. Não sei o que se passava com a vida desse casal e quais foram os fatos que motivaram esse sequestro. Só sei que eu não abriria mão de um filho meu por nada desse mundo.

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