07/07/2008

Você sabe o que é um 'personal friend'?

Amigo é coisa para se guardar, já dizia a música de Milton Nascimento. Mas quando a solidão apertar, já há quem esteja até comprando um por aí. São os personal friends, ou amigo pessoal, na expressão em português. Recebendo por hora, eles acompanham o contratante a festas, shows, viagens, caminhadas e até para escolher apartamento ou um carro novo. Professor de dança de salão, Toni Sá percebeu que poderia transformar as saídas coletivas de alunas a bailes em um negócio mais atrativo, e claro, lucrativo também. “Com o tempo, os programas começaram a mudar para shows, jantares, bingos. Hoje tenho quase todas as noites tomadas, com dias da semana reservados para algumas clientes, de domingo a sexta. O sábado é para mim”, conta ele, que cobra R$ 40 a hora e montou um site para divulgar o serviço. Se ele precisar buscar a cliente e levar em casa de carro, são mais R$ 20. Com cada programa tomando cerca de três horas, Toni, de 47 anos, tira cerca de R$ 2,5 mil por mês com os programas, que têm como limitação apenas “situações de cunho sexual”.

Bocadas

Inibir situações de assédio, no entanto, não impediu Toni de receber convites gays ou a insistência de um filho que queria pagar para que ele fosse mais do que um bom amigo da mãe. Mas também foram muitas as bocadas nesta função de amigo profissional. “Já fui a réveillon e carnaval no Copacabana Palace, fiz três viagens de navio; enfim, vou ao programa que elas escolhem, mas não sou nenhum explorador. Já até levei uma mulher que nunca tinha entrado no Mc Donald’s para lanchar lá. Foi uma aventura pra ela”, diverte-se.

Saia justa

Com tantos programas diferentes, é preciso ter jogo de cintura para não cometer gafes. “Sempre pergunto como devo ir vestido. Mas já dei furo como contar piada de judeu numa mesa só com judeus", lembra Toni, que também precisa de estratégia quando encontra pela frente alguma cliente ou programa chato.

"Você fica olhando o relógio e a hora não passa. O pior é quando a comida não cai bem, você quer ir pra casa e tem que estar lá, sorrindo", diz ele, que já abandonou um programa no meio. "A cliente começou a ficar agressiva, reclamar de tudo, com raiva de estar ali me pagando. Era uma mulher muito problemática, mas hoje sei me safar das furadas”, garante.

Quem são as clientes?

Em sua maioria, as clientes de Toni são mulheres solteiras ou divorciadas, aposentadas e sem filhos. A aposentada Marly Telles não revela a idade, mas conta que foi uma de suas primeiras clientes. "Ele montava grupos de alunas para sair para dançar, aí ofereci que pagasse o preço das outras para sair sozinha, poder dançar com ele e sair e chegar a hora que eu quisesse nos lugares. Ele é bombril: mil e uma qualidades", brinca ela, que contrata os serviços toda semana, às vezes até três vezes por semana. Solteira e sem filhos, a também aposentada Márciah Lacerda, apesar de continuar pagando pelo amigo, já foi até sócia de seu personal friend em um restaurante. "Não sou só cliente, temos uma amizade mesmo independentemente de dinheiro. Nos falamos por telefone, vamos um à casa do outro, conhecemos nossas famílias", conta ela.

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