30/04/2009

Márcio Garcia fala sobre o que viu na Índia


Caminho das Índias, novela escrita por Glória Perez, vale por um curso sobre a cultura milenar indiana, uma cultura muito diferente da que nós brasileiros estamos acostumados. Trata-se de um país longe do convencional aos olhos ocidentais. Indianos andam sobre camelos e elefantes, têm ratos como bichos de estimação e vacas como animais sagrados. As ruas são apinhadas de gente, atoladas de riquixás, tuck tuck, vacas, macacos, camelos, elefantes, resultando em um trânsito caótico. Mas o visual é fascinante, parece um festival de cores. "Caminho das Índias", realmente vem nos mostrando um outro mundo, em tudo completamente diferente do nosso. Um mundo onde ainda existe o respeito pelos mais velhos, onde os filhos reverenciam seus pais e ouvem seus conselhos, a bebida alcoólica é evitada, a família representa um valor absoluto, o roubo é inadmissível e punido com rigor.
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A seguir, estou transcrevendo a entrevista que Marcio Garcia, o Baruhan da novela, concedeu à Sabrina Grimberg. São interessantes as revelações do ator sobre suas experiências na Índia, durante os dois meses em que lá ficou gravando Caminho das Índias.
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"Tecidos, caixinhas, um livro de fotos e uma nova pessoa". Foi o que Márcio Garcia trouxe da Índia, após um mês no país gravando cenas para Caminho das Índias, novela do horário nobre da Globo. “Ninguém volta a mesma pessoa. É estranho. Você vai à Europa ou aos Estados Unidos e, quando volta pela Linha Amarela, diz: ‘Ah, que horror’. Quando volta da Índia, você diz: ‘Que maravilha! Que lugar lindo! ’ Até a favela fica bonita. É um aprendizado. Lá tem muita pobreza”, compara o ator, com humor.

Na trama de Glória Perez, Márcio é Bahuan, que viverá amor proibido com Maya, personagem de Juliana Paes. Ela é operadora de telemarketing, da casta dos comerciantes. Já o mocinho é PhD em informática, bem-sucedido nos Estados Unidos, mas um ‘intocável’: o mais baixo dos seres, que não pode tocar em integrantes de outra casta nem com sua sombra. Complicada de entender no início, Glória simplifica a trama: “Os dois se amam, querem ficar juntos e algo não deixa. Isso que é preciso entender. Não acreditar no impedimento ou achá-lo tolo, não interessa. O que importa é acreditar nos sentimentos”.

O tempo que esteve na Índia foi fundamental para Márcio Garcia ajudar a construir seu Bahuan. “Tivemos possibilidade de sentir na pele. Por mais que se assista a palestras, lá a história é outra. O cheiro da rua — que a princípio embrulha o estômago porque é muito intenso — no fim é fascinante. A Índia é outro planeta, parece que você pegou uma nave e foi para um lugar distante da Terra”, brinca o ator, que mesmo no país não teve oportunidade de conversar com um ‘intocável’. “Não tem como, poucas pessoas sabem inglês. Fora isso, eles não falam com você. Eles abaixam a cabeça e ficam ligados para ver se não fazem sombra em você. A missão deles é ficar confinados ao seu mundo, rezando e pedindo a Deus para que aquilo passe o mais rápido possível, mas criando força para aceitar o sofrimento”, diz.

Uma das histórias que mais impressionaram o ator foi que nas ruas da Índia não se vê assalto ou roubo. “Se o seu gravador cai e alguém rouba, sabendo que é seu, e outras pessoas vêem, elas dão uma surra na hora. Mas ninguém pega porque é de cada um, conexão com o divino”, explica Márcio. No entanto, a vida na Índia está longe de ser um mar de rosas. Para os ocidentais há exemplos fortes. “Marquinho (Marcos Schechtman, diretor) viu uma senhora ‘intocável’ beber água de um poço ‘brâmane’ (casta mais alta da sociedade) e foi morta apedrejada. Morta mesmo. A polícia vê e ajuda a jogar pedra”, relata o ator, que depois de quatro anos na Record, volta à Globo no papel de protagonista. (By Sabrina Grimberg)

Realmente, é difícil compreender como um país com uma rica cultura milenar, berço do budismo, de ensinamentos tão profundos e com exemplos de humanitarismo, de tolerância e de espiritualidade legados por Ghandi, chegou a estas contradições tão chocantes e desumanas, especialmente nos dias de hoje.

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