27/04/2009

Paola, Helô e Rosamaria na Dança dos Famosos


Começou ontem o novo quadro do Domingão do Faustão: A Dança dos Famosos. Para dançar music disc, apresentou-se o grupo feminino: Helô Pinheiro, Rosamaria Murtinho, Katiucha, Emanuele Araújo e Paola Oliveira, acompanhadas dos seus professores. Paola e Átila foram o destaque da noite de estréia, superando todos os outros sob todos os pontos de vista. Paola estava linda, borboleteando o corpo leve, ágil, flexível e preparado para seguir o ritmo frenético da music disc. Em outro dia escreverei mais sobre ela, porque, hoje, preciso pôr em destaque duas mulheres maravilhosas que irromperam naquele palco com grande dignidade e beleza, assinalando a presença da terceira idade na Dança dos Famosos: Heloisa Pinheiro, sexagenária, e Rosamaria Murtinho, septuagenária. Ambas lindas e maravilhosas, provando que a idade não é empecilho para que se viva a vida com intensidade, alegria, fruindo os grandes e pequenos prazeres que ela oferece.


Os jurados apontaram algumas falhas na apresentação de Helô Pinheiro, decidindo eliminá-la. Realmente, a musa de Vinício de Moraes não se saiu tão bem quanto às demais. Mas, não está totalmente fora do programa, podendo retornar na repescagem. Ela mesma disse que estava ansiosa, apesar de ter ensaiado bastante. Espero que Helô retorne e consiga um desempenho melhor. Não são todas as vovós sexagenárias que encaram uma exposição semelhante, competindo com mulheres bem mais jovens, sem a mínima inibição. E como está ainda bonita esta senhora que, na década de sessenta, com apenas dezessete anos de idade, envergando um biquini, passou na frente do Castelinho, bar de Ipanema no qual Vinicius de Moraes tomava sua cervejinha com alguns amigos, perto da calçada. Encantado com a beleza e a graciosidade da jovem, o poeta escreveu a letra da canção que se tornou famosa no Brasil e no exterior. Daquele dia em diante, a então jovem Helô saiu do anonimato e entrou no mundo encantado da fama como “a garota de Ipanema”.




Rosamaria Murtinho encantou-me não somente por ter dançado com tanta graciosidade, elegância e classe, mas, principalmente, pela postura e pelas palavras pronunciadas durante os ensaios, depois de ter enfrentado as primeiras dificuldades: “Como é bom dançar!” A seguir, acercou-se de uma mesinha com lanche e, vendo umas bananas, exclamou entusiasmada: “Bananas! Preciso urgentemente de uma banana para repor as energias, como me ensinou Guga”. E foi descascando a fruta com uma expressão de prazer contagiante, comendo-a como se estivesse devorando o mais divino dos petiscos, sem a mínima parcela de estrelismo que a sua fama e o seu talento poderiam ensejar. O que mais me seduziu nesta cena foi ver uma mulher que, com mais de setenta anos, traz dentro de si o vigor da juventude e a capacidade de fruir, com prazer e alegria, as mais simples e pequenas coisas da vida. Ela foi aplaudida por uma platéia, em pé, gritando seu nome.




O professor de Rosamaria, Henrique, diz que “participar da dança dos famosos foi um sonho. E contracenar com a Rosamaria foi um privilégio. Ela chegou pronta para aprender, e foi muito importante. A Rosinha é fascinante. A cada dia que passa, eu percebo o desempenho dela na dança. Ela tem ritmo no corpo… está se soltando… está maravilhosa! Pra mim está sendo um aprendizado e um privilégio dançar com ela”, destaca o professor. Ele repetiu palavras parecidas com a da professora de Francisco Cuoco, no programa anterior. Pena que no grupo masculino não tenha um outro idoso como este, lindo, elegante, cavalheiro e expandindo alegria enquanto dançava.


Henrique percebeu bem a mulher especial que é a sua aluna, certamente nunca a esquecerá a grande dama septuagenária com quem dançou tão bem. Uma mulher muito especial, que conhece e respeita os seus limites físicos, tanto quanto sabe tirar partido das suas possibilidades e da leveza do seu corpo esbelto. O resultado foi aquele show de elegância, de perfeita harmonia com o seu par, de sintonia com o ritmo e com a música, bem evidente na sua expressividade cênica e gestual, sobretudo na sua alegria e entusiasmo pela dança que executava com a moderação exigida pela idade, sem prejuízo para o sua excelente performance.



Assistindo o programa, lembrei-me de Naiá. Infelizmente, ela afastou-se do modelo exemplar que poderia ter sido e não foi ao se expressar de forma chula, desbocada e ao se envolver em mexericos maldosos e em barracos. Todavia, não posso deixar de aplaudir algumas contribuições de Naiá que poderiam ser tomadas como exemplo de que a terceira idade não significa o fim da vida social: a alegria que ela mostrava nas festas, o gosto pela dança, a forma amorosa como falava no marido, a participação ativa nas tarefas da cozinha e nas provas que foram compatíveis com a sua condição física, a afirmação de ter uma vida sexual ativa e prazerosa, a forma ousada como se vestia e envergava o biquini, sem se incomodar com as marcas do tempo em seu físico.



Naiá promove bailes semanais para a terceira idade, em um amplo salão, com orquestra e todo o clima das festas que seus freqüentadores tinham na juventude. Ela está sempre presente, acompanhada de Paulo, ambos no maior pique. A importância dos bailes para a terceira idade é sublinhada e valorizada por gerontologistas e por psicólogos por ser uma atividade física que propicia ao idoso exercitar o corpo e a mente, além de estabelecer relações sociais, ensejar novas amizades com pessoas da mesma faixa etária. A dança é uma excelente terapia para a depressão e uma poderosa aliada para a elevação da auto estima dos idosos. Portanto, louvo a iniciativa de Naiá, embora continue não fazendo parte do seu fã clube.

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