"Peço desculpas aos brasileiros. Treinei muito bem, tudo certo, e não sei o que aconteceu", lamentou o paulista, que era a principal esperança de medalhas da ginástica brasileira nos Jogos de Pequim. "Mais do que ninguém eu queria essa medalha".
O atleta mostrou total desconsolo com o erro que lhe tirou chances de pódio olímpico. "Esse último movimento que eu faço [um duplo twist grupado] é um que eu já faço há muito tempo, eu nunca erro", reiterou Diego.
O sofrimento de Diego começou ainda no tablado. Após performance quase impecável, o ginasta caiu em sua última aterrissagem e mostrou total perplexidade, quase não conseguindo se levantar do chão. Diego se encaminhou para o banco próximo ao aparelho, aguardou sua nota e sequer continuou acompanhando a prova.
Diego foi perfeito. Ganhando ou não medalhas, vestiu a camisa e representou o País, que pouco faz pelos nossos atletas.
Duas pisadas fora do tablado tiraram de Daiane dos Santos a medalha nos Jogos Olímpicos. A cena, que aconteceu em Atenas-2004, se repetiu neste domingo em Pequim-2008. Com isso, a atleta perdeu pontos decisivos na final do solo e encerrou a sua participação nos Jogos Olímpicos longe do pódio, em sexto lugar, com a nota 14,975.O resultado obtido neste domingo encerra a carreira de Daiane na seleção sem apagar a má impressão deixada nos Jogos de Atenas-2004. Na ocasião, favorita ao ouro, a ginasta deixou a Grécia com um amargo quinto lugar, após também pisar duas vezes fora do solo.
Daiane chegou a Pequim sem a pressão de quatro anos atrás. Na final, a atleta era apontada como zebra, uma vez que fez apenas a quinta melhor marca nas eliminatórias.
Estrela da modalidade desde o título mundial do solo em 2003, o primeiro de uma brasileira no esporte, Daiane agora passa o bastão para atletas em ascensão, como Jade Barbosa e Ana Cláudia Silva.
A ginasta começou tarde na ginástica, aos 11 anos, após ter sido vista brincando com uma amiga em um parque de Porto Alegre. Treinando forte, a atleta se destacou no Pan de Winnipeg-1999, conquistando uma medalha de prata (salto) e duas de bronze (solo e equipes).
Em 2003, uma cirurgia no joelho atrapalhou o desempenho da atleta no Pan de Santo Domingo. Daiane saiu da República Dominicana apenas com a medalha de bronze por equipes. A frustração, entretanto, durou pouco. Duas semanas depois, em Anaheim, a ginasta faturou a medalha de ouro no Campeonato Mundial.
Além do título, Daiane colocou o duplo twist carpado apresentado em sua coreografia na lista de movimentos oficiais da ginástica, com o nome de "Dos Santos". Uma variação da acrobacia, o duplo twist esticado, também foi catalogada pela Federação Internacional de Ginástica (FIG).
Após o título mundial, o 'Brasileirinho' de Daiane tornou-se uma coqueluche nacional. Mas a atleta voltou a enfrentar problemas de contusão. Uma outra cirurgia no joelho, realizada antes dos Jogos de Atenas, prejudicou a preparação para a Olimpíada.
O fracasso em Atenas tirou um pouco Daiane dos holofotes. A atleta ganhou mais algumas etapas do circuito internacional, sendo a principal delas a Superfinal de 2006, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
Entretanto, Daiane acabou se tornando uma coadjuvante na seleção, ofuscada por Diego Hypólito e Jade Barbosa.
Apontada como o principal nome feminino da modalidade no país, após as três medalhas conquistadas nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro e o bronze do individual geral do Mundial de Stuttgart no ano passado, Jade não conseguiu subir ao pódio em Pequim.
Durante a semana, ela foi oitava colocada na disputa por equipes e décima no individual geral. No salto, voltou a mostrar erros em sua apresentação, não passando do sétimo lugar com a nota de 14,487 entre as oito participantes.
A medalha de ouro da prova foi para a norte-coreana estreante Un Jong Hong com a nota de 15,650. Ela passou a uzbeque naturalizada alemã Oksana Chusovitina, medalha de prata com 15,575 de nota. A favorita Fei Cheng, da China, caiu em uma de suas aterrissagens e foi bronze com 15,562.
Nas duas apresentações no salto, Jade teve uma queda imperfeita, quase encostando os joelhos no solo. Para o primeiro salto, foi dada a nota de 14,725. No segundo, a brasileira teve 14,250. Como comparação, no Pan, com a medalha de ouro, Jade teve 14,912 de pontos.
A atleta apresentou uma série de dificuldade menor do que a da final por equipes. "Eu sabia que não tinha chance de medalha por causa das notas das outras meninas. Se tivesse feito o salto de anteontem e tivesse caído, teria tirado uma nota menor", justificou.
Apesar de ter ficado fora do pódio, Jade aprovou o seu desempenho nas Olimpíadas. "Eu cheguei na final do salto, algo que nunca tinha acontecido antes, e a equipe foi bem", disse.
Após os Jogos de Pequim, Jade Barbosa vai assumir um novo papel na seleção brasileira. Com as aposentadorias de Daniele Hypólito e Daiane dos Santos, além da fase ruim de Laís Souza, caberá a ela a condição de tutora das novas apostas do país, como Ana Cláudia Silva, Ethiene Franco e Khiuani Dias.
O jeito tímido e a fama de 'chorona' marcam a trajetória de Jade Barbosa. Revelada pelo Flamengo, a atleta foi integrada à seleção brasileira de ginástica em 2006 e não precisou de muito tempo para se destacar. Após o sucesso no Pan, ficou conhecida nacionalmente.
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