Suas armas são os cartões de créditos. Seu paraíso, as lojas. Alguns chegam a atingir o nirvana quando vêem as palavras "sale" e "promoção" em destaque naquela roupa de grife ou naquele tênis importado. São os consumistas compulsivos. Provavelmente você deve conhecer um - enrustido ou assumido. Entre as mulheres, o comportamento é ainda mais comum. Segundo a pesquisa "O Consumidor do Século XXI", divulgada nesta terça-feira pelo Ibope Mídia, 21% das brasileiras vão às compras para se sentirem mais calmas e felizes. O levantamento ouviu 3.400 pessoas em 11 regiões metropolitanas do Brasil e concluiu que a população gasta, em média, 15% da renda familiar com compras pessoais - principalmente roupas, no caso das mulheres.
São pessoas que não conseguem controlar seus impulsos diante de uma vitrine, como a estudante de publicidade Mariana Figueira, de 21 anos: "Ir às compras é meu hobby preferido. Como chocolate engorda, controlo a minha ansiedade passeando nos shoppings. Alguns me chamam de patricinha, mas não concordo. Aproveito quando as lojas estão com descontos e gosto de presentear minhas amigas também", confessa ela, que já chegou a gastar R$ 800 no shopping em um fim-de-semana. "Sou viciada em bolsas e sapatos. Se não compro um por semana, não fico feliz. Acho que herdei isso da minha mãe, que sempre foi meio perua", brinca a estudante. Mas a alegria que muitas sentem ao sair do shopping cheias de sacolas pode ser apenas uma ilusão...
A compulsão por comprar tem um nome: oneomania. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 1% da humanidade sofre desta doença. No Brasil, pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) mostram que os oneomaníacos chegam a 3% da população e quem mais tende a manifestar a compulsão são as mulheres, os jovens e, recentemente, os internautas. Um traço comum aos oneomaníacos é o impulso desenfreado de obter determinado item, independentemente da sua utilidade ou necessidade real. "É como uma droga. A adrenalina, a ansiedade... Você vê uma coisa na loja e pensa 'tenho que ter aquilo, tenho que ter aquilo'. E com a mesma rapidez que essa vontade de comprar vem, ela se vai. Depois de comprado, o objeto perde totalmente o valor", explica Erika, onemaníaca em recuperação.
Para Neda Matos, psicanalista da Sociedade de Psicanálise da Cidade do Rio de Janeiro, aqueles que consomem por impulso o fazem para "tamponar um vazio": "Pode ser a falta de algo que foi perdido, da perda de alguém, e até de uma dificuldade por não saber que caminho tomar. Em outras palavras, a impossibilidade de não se permitir sofrer", esclarece. "Na sociedade contemporânea, o que se verifica é uma ânsia em ter para ser. Ter uma roupa de grife significa, por exemplo, ser rico, ter status. É como se a pessoa só existisse a partir de um objeto; objeto este ditado pela mídia", completa a psicanalista, que lembra, ainda, que transtornos deste tipo geralmente levam as pessoas a sentimentos de frustração, tédio, solidão e depressão.
Lutando contra o vício
Erika já sofreu muito com a compulsão por gastar. Não conseguia ficar sem comprar roupas e acessórios, para si mesma ou para outras pessoas. "Perto do Natal, então, eu achava que era obrigação dar presente para todo mundo. Para a sociedade, é lícito comprar, e por isso fica difícil admitir o exagero. Os oneomaníacos gastam para se compensarem ou para comprarem o afeto do outro. Tentam suprir uma necessidade emocional, preencher um vazio que não acaba", afirma. Erika chegou a adquirir dívidas de até 30 mil reais, sendo perseguida por credores e chamada de "sem-vergonha". "Em todas as minhas conversas eu falava sobre dinheiro. Chorava e não conseguia dormir por causa do endividamento. Foi aí que percebi que estava doente e precisava de ajuda", conta ela, que há três anos faz terapia e há dois participa dos encontros com os Devedores Anônimos.
Fonte: MSN Mulher - por Mônica Vitória
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